“Quando se trata de combater a pobreza na economia de hoje, precisamos pensar de forma diferente e trabalhar de forma diferente.” Quem defende este rumo, sustentado no modelo Mobility Mentoring®, é Elisabeth Babcock, presidente e CEO da EMPath, organização não-governamental norte-americana, uma das oradoras da conferência “A Sociedade Civil e o Combate à Pobreza” que visou apresentar publicamente o Conselho Social da EAPN Portugal, organizadora da iniciativa que teve lugar, em Lisboa, em outubro.
J.A. de Jager foi outro dos convidados que deu o seu testemunho sobre a aplicação do programa Mobility Mentoring®, no Município de Alphen aan den Rijn, na Holanda. Perceber quais são os benefícios de operacionalizar este programa e quais as mais-valias desta abordagem que contribui para quebrar uma espiral negativa no pensamento e sentimento dos participantes, dado que o público-alvo são pessoas em situação de pobreza, foi um dos objetivos destas intervenções. Transformar vidas, ajudando as pessoas a saírem da pobreza constitui o cerne deste programa que oferece possibilidades de ação viáveis para que os governos, organizações não-governamentais e outros cientistas sociais e políticos reformulem e reorientem o seu trabalho com as famílias de baixos rendimentos, conduzindo-as em direção à independência económica. E já há bons exemplos de participantes neste programa que mudaram as suas vidas para melhor, usando ferramentas do Mobility Mentoring®, para aumentar rendimentos, garantir moradia permanente, obter educação e estabelecer carreiras profissionais que os ajudem a quebrar o ciclo da pobreza, foram algumas das conclusões a que se chegou, nesta conferência, moderada pelo professor Sobrinho Simões.
“A ciência, hoje, diz-nos que viver na pobreza aumenta significativamente a probabilidade de isolamento, de ficar sem casa, de se tornar um pai solteiro, de não concluir o ensino médio e de morrer mais cedo. A ciência também nos diz que a pobreza – e o stresse que lhe está associado – afeta o desenvolvimento do cérebro. A pobreza afeta a maneira como analisamos problemas e estabelecemos metas e, portanto, afeta os muitos desafios envolvidos para que as pessoas possam progredir. Por outras palavras, a ciência provou que a pobreza e o stresse inerente a essa condição, comprometem habilidades e comportamento necessários para as pessoas saírem dela” defende Elisabeth Babcock.
Este encontro objetou, ainda, criar “uma nova dinâmica para chamar a si todos os cidadãos, sem exceção, em todas as esferas da sociedade para que, juntos, possam transportar adiante os valores de uma nova ordem social onde a pobreza e a exclusão social não tem lugar e onde a justiça e a igualdade sociais sejam motor do verdadeiro desenvolvimento humano, capaz de deixar um mundo mais justo e sustentável para as gerações vindouras”, explicou Jardim Moreira, presidente da EAPN Portugal.
Ana Mendes Godinho, Ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social delegou no atual Coordenador da Estratégia Nacional de Luta Contra a Pobreza, a presença nesta iniciativa. Assim, Edmundo Martinho, fez a sua intervenção, antes da sessão de encerramento, a cargo do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, cujo empenho na luta contra a pobreza é conhecido.
A conferência foi, ainda, palco da apresentação da “Carta Aberta aos Poderes Políticos”. Manuel Sobrinho Simões, Ana Cardoso e João Pedro Tavares constam também deste programa que quer dar mais um contributo para influenciar as políticas em matéria de luta contra a pobreza.
A conferência foi transmitida em direto via facebook e canal Youtube da EAPN Portugal.