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Apesar dos poucos anos de existência, Valoriza, em Amares, tem trabalho reconhecido e apreciado, não só pelos prémios ganhos mas – muito importante – pela comunidade onde atua

Apesar dos poucos anos de existência, Valoriza, em Amares, tem trabalho reconhecido e apreciado, não só pelos prémios ganhos mas – muito importante – pela comunidade onde atua

Pedro Costa, presidente da instituição, não hesita em afirmar: “Além da nossa natureza proactiva e vanguardista, oferecemos um serviço de excelência”

Pedro Costa

A missão da Valoriza, nascida em 2010, reflete bem a forte ligação que a organização tem ao território físico e humano. Uma visita, ainda que ao seu sítio virtual, também revela o quanto a integração social de indivíduos e grupos sociais desfavorecidos, excluídos ou em risco de exclusão é o leitmotiv da equipa que, diariamente, se sintoniza para dar todas as múltiplas respostas a que se propõe, quer aos mais jovens, quer aos mais idosos.

Visando a melhoria da qualidade de vida das populações, a Valoriza “dinamiza respostas ajustadas às necessidades do meio em que se insere, com vista à capacitação dos seus destinatários, numa lógica de concertação, complementaridade e reforço de todos os serviços sociais locais”. A FocusSocial colocou algumas questões ao seu presidente, Pedro Costa, no intuito de conhecer um pouco mais projetos e iniciativas.

Apesar de ser uma instituição jovem o seu trabalho é já reconhecido pela comunidade, por outras organizações congéneres e por prémios destinados a reconhecer mérito e utilidade na economia social.

 As respostas sociais que disponibiliza no que concerne, por exemplo, ao Centro de Atividades Ocupacionais (CAO) que acolhe quase três dezenas de utentes, “destaca-se pela forma inovadora como trabalha, pelo grande envolvimento com a comunidade e pela ligação de muitos parceiros nesta missão. Essa capacidade de inovar e adaptar os recursos à realidade fez com que a organização pudesse acolher em completa segurança os seus utentes”, explica Pedro Costa, sublinhando que “reforçando as medidas, em prejuízo de muitas atividades coletivas e exteriores, que nesta fase de pandemia não são possíveis, tem sido viável continuar o trabalho de capacitação e inclusão dos nossos utentes”.

Tal como outras organizações, neste contexto pandémico, observou um conjunto de novas regras que foram postas em vigor para proteção de todos. “Dentro das novas regras destacam-se a higienização ainda mais cuidada de espaços, equipamentos e roupas, os perímetros de circulação limitados, as limitações de distância interpessoal, o contacto entre utentes e colaboradores, para além da não frequência temporária em atividades coletivas. Soubemos que “no início foi estranho e notamos algum medo e ansiedade, mas enquanto o tempo foi passando o à vontade e a boa disposição foi voltando ao seu lugar”.

Apesar de não estamos a viver tempos fáceis “a natureza proactiva e vanguardista que se vive no seio da Valoriza continua a sentir-se”, afirma o presidente, revelando que o projeto Ser Igual, um dos muitos da organização, “tem também inspirado novas dinâmicas que estamos a preparar. Recentemente vimos, mais uma vez, premiado um dos nossos projetos, no caso o “Ruralid@des – Semear para colher”, que vai implementar em 2021 uma pequena produção agrícola, onde alguns utentes do CAO irão trabalhar, tecnicamente orientados, com vista à sua integração socioprofissional ao abrigo de atividades socialmente úteis ou, quem sabe, das medidas de emprego protegido”.

Saímos, desta visita virtual, certos de que a Valorizar valoriza o envelhecimento ativo e as tradições da terra em volta, “sem deixar as suas raízes (o chamado ageing in place)”, pois  “estes seniores acolhem, na sua micro-comunidade, dinâmicas que garantem aumento da sua qualidade de vida, respeitando e perpetuando os seus saberes e as suas tradições”, explica Pedro Costa. Venham daí conhecer um pouco mais esta organização que já mereceu duas distinções nacionais, que contribuem para viabilizar o seu trabalho.

Pedro Costa

Qual foi o impulso para o surgimento da vossa organização? 

A Valoriza surgiu da vontade de criar uma organização que fosse um agente de desenvolvimento local, pois havia dinâmicas sociológicas em Amares que careciam de uma entidade que assumisse esse papel dinamizador. Acabou, também, por direcionar a sua atividade para respostas a problemáticas sociais sem retaguarda no território, sempre numa lógica de complementaridade, atuando em algumas lacunas identificadas na Rede Social. Ou seja, sem esquecer a sua génese de dinamizador local, a vocação de IPSS acabou por deixar as suas principais marcas no território, nomeadamente a partir do momento que a Valoriza começa a especializar alguns dos seus serviços na área da deficiência mental.

 

O que é mais marcante na sua história?

Na sua ainda jovem história, destacaria a concretização do seu Centro de Atividades Ocupacionais, que oferece resposta diária para 30 utentes. Contudo, não podemos esquecer que os projetos premiados pela Fundação EDP, pela Fundação Calouste Gulbenkian e pelo BPI/Fundação La Caixa, bem como a aprovação dos Contratos Locais de Desenvolvimento Social (CLDS), conferiram competências e grande motivação à equipa de colaboradores e certificam a qualidade dos nossos serviços e projetos sociais.

 

O Valoriza 4G é um projeto de continuidade dos Contratos Locais de Desenvolvimento Social (CLDS). Quais os projetos que estão a ser desenvolvidos, no momento?

Numa fase de implementação, o Valoriza 4G pretende continuar na senda do sucesso dos seus antecessores – Valor Humano e Valor Humano 3G – que produziram um conjunto de resultados e implementaram algumas boas práticas no território. Na quarta geração de CLDS (4G) em Amares, a abordagem está circunscrita ao eixo da empregabilidade, sendo que dentro deste trabalho, em estreita colaboração com o IEFP e com o GIP local serão articuladas dinâmicas que promovam o empoderamento para o emprego, através de encaminhamento, formação e capacitação, para além da valorização dos produtos locais, tradições e saberes, como fator impulsionador do desenvolvimento local e consequentemente convergir para a empregabilidade.

 

E no futuro, o que está previsto?

Paralelamente, em consonância com as características do nosso território, estamos a implementar um conjunto de trabalhos que possa dinamizar os recursos endógenos, catalisando as dinâmicas de produção e escoamento de produtos locais, sempre tendo em linha de conta as características, a história e as dinâmicas sociológicas da comunidade.

 

O centro de atividades ocupacionais (CAO) “Ser Igual” , inaugurado em 2015, direcionado para pessoas com deficiência/incapacidade, como está a funcionar, com as contingências do momento, e quantas pessoas apoia?

O CAO “Ser Igual” é uma resposta ainda jovem, mas que capitalizou rapidamente prestígio, muito graças aos serviços de excelência que presta. Acolhendo um número de utentes muito próximo das 30 vagas disponíveis, o CAO da Valoriza destaca-se pela forma inovadora como trabalha, pelo grande envolvimento com a comunidade e pela ligação de muitos parceiros nesta missão. Essa capacidade de inovar e adaptar os recursos à realidade fez com que a organização pudesse acolher em completa segurança os seus utentes, diariamente. Reforçando as medidas, em prejuízo de muitas atividades coletivas e exteriores, que nesta fase de pandemia não são possíveis, tem sido viável continuar o trabalho de capacitação e inclusão dos nossos utentes de CAO.

Apesar da fase difícil que vivemos, a natureza proactiva e vanguardista que se vive no seio da Valoriza continua a sentir-se. Este projeto Ser Igual tem também inspirado novas dinâmicas que estamos a preparar. Recentemente vimos, mais uma vez, premiado um dos nossos projetos, no caso o “Ruralid@des – Semear para colher”, que vai implementar em 2021 uma pequena produção agrícola, onde alguns utentes do CAO irão trabalhar, tecnicamente orientados, com vista à sua integração socioprofissional ao abrigo de Atividades Socialmente Úteis ou, quem sabe, das medidas de emprego protegido.

O Lar Residencial Ser Igual é outra resposta que temos vindo a trabalhar, com projetos e licenciamento prontos, mas sendo uma implementação que tem uma envergadura financeira muito grande, temos que dar passos seguros, ao tentar materializar este anseio tão necessário.

 

E como tem sido envelhecer, em Amares, com o projeto Raízes? 

O projeto “R@ízes- Envelhecer Ativamente em Amares”, é um dos mais antigos projetos da Valoriza no concelho, derivando de projetos anteriores – Equipa Multidisciplinar de Proximidade e Luz de Presença – que tem vindo a trabalhar com muito sucesso as dinâmicas de envelhecimento, num território já de si envelhecido. Desde a ocupação do tempo, até à atividade física, passando pela segurança, pela formação, pela informação e uso das tecnologias, pelo recuperar de tradições e saberes, pelas manifestações artísticas, entre muitas outras dinâmicas, este projeto tem deixado, nos últimos anos, resultados muito profundos nestes públicos em particular. É um projeto de valor seguro, que os seus participantes já não dispensam nos seus dias. Afinal, sem deixar as suas raízes (o chamado ageing in place) estes seniores acolhem, na sua micro-comunidade, dinâmicas que garantem aumento da sua qualidade de vida, respeitando e perpetuando os seus saberes e as suas tradições.

 

E quando o projeto deixar de ser financiado, como lhe vão dar continuidade?

Este é um projeto em que a Valoriza tem investido, em alguns períodos de tempo, os seus próprios recursos, por considerar que é um projeto fundamental para as populações que serve. Na verdade conta com parceiros que apoiam as despesas inerentes ao projeto, nomeadamente as juntas de freguesia aderentes que também deixam uma pequena comparticipação e são parceiros fundamentais, pela sua ligação a estas comunidades.

É um projeto que, pela sua qualidade e carácter inovador já mereceu duas distinções nacionais, com a atribuição de prémios, cujo envelope financeiro tem viabilizado a sua realização. E este é o desafio, o da permanente procura e captação de financiamento, para manter vivo um projeto fulcral para as populações menos jovens do concelho de Amares.

Janeiro 31, 2021
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