Jovens de vários pontos do país reúnem-se desde 2017 ao abrigo de uma iniciativa promovida pela EAPN Portugal, com vista a promover a participação cidadã e a enaltecer a escola como um poderoso meio de inclusão social, sobretudo quando os valores de democracia, igualdade, justiça e cidadania estão presentes. Em 2020, “O Futuro Começa Agora” voltou a realizar-se, desta vez, por via da pandemia, online, como a maioria das iniciativas.
Assim, jovens e menos jovens uniram-se virtualmente numa reflexão conjunta sobre o seu lugar no mundo e sobre problemas que os afetam e o evento, apesar de não se realizar nos moldes habituais, cumpriu o seu principal objetivo: dar a palavra aos jovens, ouvindo as suas opiniões, as suas preocupações e inquietações.
No âmbito do webinar “O Futuro Começa Agora”, a EAPN Portugal recolheu testemunhos de jovens de várias localidades do país no sentido de perceber o impacto da pandemia. A fase de confinamento a que todos estivemos sujeitos e que levou ao encerramento das escolas causou, com certeza um forte impacto nos jovens, quer ao nível das aprendizagens formais, mas também ao nível relacional, social e psicológico.
O vídeo realizado com a participação de vários jovens e que pode ser visionado no canal de youtube da EAPN Portugal pretende dar voz a todos os receios e a todas as experiências vividas por cada jovem, na atual situação pandémica, sobretudo conhecer a forma como encaram o futuro, pois as perguntas respondidas – o que mudou com esta pandemia?; vamos ter um mundo melhor? Como? Porquê? – oferecem respostas, sinceras, espontâneas e surpreendentes por parte de todos os participantes.
O debate, moderado por Fátima Veiga, contou a com a presença de David Rodrigues, Sandra Ladeiro e Lara Magalhães, uma jovem de 16 anos.
Na abertura do evento, o presidente da EAPN Portugal, Padre Jardim Moreira sublinhou todos os motivos que, também na área da Educação, fizeram de 2020 um ano atípico e lançou pistas de reflexão: “como será o futuro pós-pandemia? Como serão estes jovens daqui a uns anos? Como se recordarão deste ano? O que esperar do futuro?” acrescentando que, no momento, “a única certeza é a de que esta crise sanitária trará uma forte crise económica e financeira e muitos perderão o seu emprego e os seus rendimentos. Paralelamente, os problemas de saúde mental agudizam-se, quer nos jovens, quer nos adultos, quer nos idosos. Todos saímos afetados desta situação; uns mais do que outros, porque as circunstâncias da vida de cada um são muito diversas e sabemos que a pobreza e a exclusão social é um fator que agrava ainda mais a vivência da situação pandémica”.
Após visionamento do vídeo com os testemunhos juvenis, fica-se com a noção de que as vivências de cada um, apesar de distintas, estão unidas pela incerteza mas também pela esperança em dias melhores, para os quais estão dispostos a contribuir. “Quero destacar a preocupação dos jovens com a sua proteção e com a proteção dos mais velhos e a valorização que passaram a fazer do tempo passado com a família. De facto, a importância da família sai muito reforçada. E, claro, a importância que é dada aos amigos e ao papel da amizade”, afirma o presidente, realçando que “a importância das pessoas e as relações entre elas, a possibilidade de evoluirmos para um mundo melhor, fica aqui bem patente, deixando-nos alguma esperança no futuro”.
A organização acredita que o evento está cada vez mais a mobilizar o interesse da comunidade escolar. “Sentimos que é um acontecimento anual que agrada aos jovens e à comunidade educativa e que se assume como o culminar de um trabalho ao longo do ano na escola ou nas instituições. Sentimos o envolvimento dos jovens na preparação das suas performances e sentimos que desencadeamos reflexão, partilha e discussão sobre temas diversos que perpassam a adolescência”, diz Jardim Moreira.