A Economia Social é constituída por uma grande diversidade de atores sociais, organizações e pessoas, que centram a sua ação no ser humano e na satisfação das suas necessidades individuais e coletivas. Em particular em contextos como o atual, a Economia Social constitui-se como uma estrutura de salvaguarda da sociedade, funcionando como um elemento amortecedor dos efeitos recessivos nas economias locais, regionais e nacionais, sendo um pilar do combate à pobreza e à exclusão social.
Neste contexto de crise estrutural a responsabilidade social é de todos.
O papel do Estado é fundamental no apoio às pessoas, quer diretamente, quer através das organizações da Economia Social. A importância do setor lucrativo está substancialmente associada ao financiamento de iniciativas da Economia Social, quer no âmbito das suas políticas de responsabilidade social, quer num contexto de parcerias que potenciem os interesses das partes. O extraordinário movimento de voluntariado, que faz com que o impossível seja uma realidade todos os dias, é indispensável à sustentabilidade da Economia Social. O alinhamento com a Academia tem e deve ser cada vez mais uma preocupação das organizações.
Hoje, surgem já, um pouco por todo o lado, notáveis exemplos de excelência na relação do setor com os diversos polos de conhecimento e, em geral, na relação com a sociedade, porém, estamos a falar de algumas dezenas de exemplos num contexto de dezenas de milhares de organizações.
É preciso fazer mais! Hoje, agir e colaborar já não são opções.
Pessoalmente, assumi a minha responsabilidade social quando identifiquei, no âmbito de uma tese académica, significativas barreiras à comunicação, baixos níveis de partilha e colaboração no setor e, também, um significativo afastamento das universidades. Estas e outras traduzem-se em necessidades da Economia Social, que entendo serão cada vez mais evidentes com o agravar dos problemas de sustentabilidade das organizações.
Na busca de soluções para responder a estas necessidades surgiu a ideia de disponibilizar uma plataforma gratuita, simples e ágil, que facilitasse o networking contextualizado e que permitisse a comunicação permanente entre os atores sociais, e entre estes e todas as comunidades com interesses nas diversas temáticas da Economia Social. Nasce, assim, a rede social temática Economia Mais Social como mais um catalisador positivo para o desenvolvimento da Economia Social.
A Economia mais Social é uma rede social para troca de ideias e experiências, para conhecer, comunicar e partilhar, para divulgar boas práticas, eventos e projetos da Economia Social. É, também, uma rede social de pendor profissional e académico, que se pretende viva na promoção do emprego e do empreendedorismo sociais, ajustando-se permanentemente às necessidades e solicitações dos atores sociais.
As redes sociais podem funcionar como movimentos, físicos e virtuais, de integração e concertação das organizações da Economia Social e dos atores sociais em geral. Elas são cada vez mais essenciais à sociedade como plataformas de suporte à comunicação, à partilha e à entreajuda. As redes sociais promovidas pelo Instituto da Segurança Social, por exemplo, têm um papel estruturante ao nível da sua ação nas comunidades locais e regionais. Estas são, por excelência, redes presenciais de intervenção junto das populações. A Economia Mais Social pode naturalmente servir como um complemento virtual das redes sociais presenciais.
Em particular, as organizações de solidariedade social poderão beneficiar das redes sociais como um elemento de apoio à gestão, especialmente para fazer face aos desafios do atual período de grande incerteza e turbulência que vivemos. Estas organizações encontram-se cada vez mais pressionadas para assegurarem as respostas às necessidades crescentes de uma população a viver numa conjuntura de crise financeira, económica e social cada vez mais profunda, com os índices de desemprego a atingirem níveis recorde. Simultaneamente, estão pressionadas financeiramente pela maior dificuldade em garantir os apoios do Estado, ainda indispensáveis à sua operação, e pelo número crescente de clientes que enfrentam maiores dificuldades em assegurar os pagamentos dos serviços que recebem.
Atualmente, podemos considerar que muitas das organizações de solidariedade social estão já numa situação de emergência em que a sua capacidade de gestão e organização está a ser colocada à prova. A procura por novas fontes de receitas, bem como o esforço por maior eficiência e contenção de custos impele-as para um novo paradigma. Em minha opinião trata-se do paradigma da Empresa Social. Onde a orientação para o cliente, a gestão profissional, proativa, eficiente, rigorosa, mas também criativa e aberta para o exterior, a dinamização de parcerias, a comunicação, a gestão profissional do voluntariado e da angariação de fundos, e a cooperação dentro e fora da Economia Social são cada vez mais um imperativo de sustentabilidade. Esta mudança de paradigma na Economia Social implica necessariamente uma mudança na cultura das organizações, mas também na das estruturas da Economia Social.
A Economia Social é, naturalmente, um ecossistema muito complexo e de grande diversidade, porém, tal não deve servir de argumento para adiar a mudança.
Pessoalmente acredito que estamos todos os dias a empreender em prol de uma economia mais social, mais sustentável, e que seja, ela própria, a essência da nossa civilização e o legado para o futuro dos nossos filhos e netos.
Economia Mais Social é sermos mais para todos por todos nós!